Mais alunos do superior em dificuldades financeiras por causa da pandemia

05 Aug 2020
Mais alunos do superior em dificuldades financeiras por causa da pandemia

"Os estudantes tiveram muitos deveres durante estes últimos meses, mas alguns direitos ficaram para trás." Quem o diz é Bernardo Rodrigues, presidente da Associação Académica de Lisboa, lembrando o peso da permanência de despesas, como as propinas, para famílias que viram os seus empregos afetados pela pandemia. A consequência, diz, passa por "muitos casos de abandono e congelamento de matrículas no ensino superior". Desde o início da pandemia, em Março, a associação recebeu mais de meia centena de pedidos de auxílio de alunos. E o problema parece estender-se pelo território nacional: um em cada cinco dos estudantes inquiridos pela Federação Académica do Porto (FAP) que sofreram perda de rendimentos admite abandonar o ensino superior.

"Com os desafios colocados sobre as famílias" devido à crise financeira que se segue à crise sanitária, com grande parte da economia obrigada a suspender a sua actividade no início do ano, teme-se que "os apoios sociais possam não ser suficientes", diz o presidente da FAP, Marcos Alves Teixeira.

Para medir o impacto da pandemia no próximo ano letivo, a federação lançou um inquérito a estudantes das várias instituições de ensino superior do Porto, públicas e privadas. O documento que resultou desta iniciativa, designado Impacto da pandemia de covid-19 nos estudantes da Academia do Porto, mostra que, num total de 2217 resposta validadas, 53% declararam perda de rendimentos devido à pandemia, 18% admitiram dificuldade em suportar as despesas relativas à sua formação e 11% disseram mesmo estar a ponderar desistir dos estudos.

O dirigente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, António Fontainhas Fernandes, confirma a preocupação sobre a crise no alojamento estudantil, que até "pode aliviar" com o enfraquecimento do turismo nas cidades, mas ainda é uma incerteza. Com uma crise financeira no seio de várias famílias, "a questão é saber se têm dinheiro para poderem suportar o deslocamento dos filhos". Mas admite que ainda é cedo para ilações."