Aumento imparável do preço do alojamento limita futuros doutores
26 Aug 2024
O preço do alojamento para alunos do Ensino Superior deslocados não pára de aumentar, condicionando as escolhas e condições em que os futuros doutores se formam. Há quem faça até quatro horas diárias em transportes, quem aceite quartos sem condições nem recibo no mercado paralelo, pague várias cauções e comece a procurar um lugar para dormir antes de ter a certeza de estar colocado.
Francisco Fernandes, presidente da Federação Académica do Porto, diz que os problemas do alojamento, escasso e caro, é “o maior entrave à frequência do Ensino Superior” e causa um efeito “perverso de elitização”. Há dias, encontrou um jovem de Paredes que testava o caminho que terá de fazer diariamente para estudar no Porto: “Duas horas de viagem para cada lado”, que causarão “desgaste”.
(...) Várias associações dizem, porém, que os preços que encontram no terreno são mais elevados, algo a que não será alheio o facto de existir um mercado paralelo ao qual é difícil escapar. No ano passado, segundo Francisco Fernandes, “60% dos estudantes [do Porto] afirmavam viver em quartos sem recibo”.
Elisabete Policarpo, jurista da Associação para a Defesa do Consumidor-Deco, alerta, no entanto, que os alunos têm de se registar como deslocados no portal da Autoridade Tributária (AT), devem ter contratos de arrendamento “escritos e comunicados à AT e fatura-recibo da renda, para que seja possível a dedução da renda no IRS e terem acesso aos apoios públicos”.